segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ausência

"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."
Vinícius de Moraes

Hoje não poderia escrever nada além disso - os amores e as dores de outro. Dele, que amou tanto e tão profundo, que acaba tornando a minha dor ainda mais ridícula.
Melhor assim, confessar minha mediocridade, minha facilidade de cair no círculo dos que amam da forma mais carente e idiota.
Hoje eu tô down, sim! E que ninguém queira me tirar dessa letargia. É doída como o quê, mas merecida.
Quem sabe um dia eu aprendo.

Músicas do dia: Down em Mim, Cazuza; Pale Blue Eyes, Lou Reed.

Um comentário:

Déa disse...

Voce sabe que todos os estados de espírito são importantes? Só realmente se saboreia o doce quando se conhemos o salgado, não é? Beijos