quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tô rondando

Confesso que ando distante e arredia. Fugitiva dos meus próprios sentimentos.
Parece que se não escrevo aqui, não preciso ver depois, de forma tão explícita, que eu continuo no mesmo círculo vicioso, na mesma vidinha teimosa de insistir nos mesmos erros.
Mas tô por aqui, gente. Tô rondando.
Uma hora eu encaro, me entrego e volto de vez.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Não é amor

"Eu queria me chacoalhar e dizer que ele existe, sim, o tal do amor, mas você, querida, não sabe ainda nada disso. Isso que você acha que é amor, menina, não passa nem perto.
Eu me faria uma visita naquele apartamentinho pequeno e cheio de tentativas de charme e maturidade. E diria pra mim o que ninguém, sabe-se lá porquê, foi capaz de me dizer numa época tão necessária e quase triste. Época de tentar de tudo pra chegar perto do que, um dia, simplesmente acontece, mesmo a gente achando que só funciona para os disciplinados na cultura da imbecilidade. Esse povo estranho que divide armário e sorriso de foto. Eu diria: menina, amar a dúvida, o silêncio, a ingratidão, o fim, o atraso, a invenção, a lacuna, o pode ser, as hipóteses, a não resposta, a raiva, o absurdo, o não, a impossibilidade, o depois que foi, o antes de chegar, o difícil, o pode não, amar essas coisas, menina, é amar o mistério e não um homem. Amar um homem não é o telefone que não toca, é o telefone que toca e ele tá daquele jeito que te irrita justamente porque está irritado com você e você desliga logo e ele liga de novo e vocês morrem de rir. Ah, e aí vai dando certo. Foi e foi e foi e cá estamos. Você apaga o cigarro de domingo, a luz e some. Eu escrevo esse texto na mente, tomo banho e me chacoalho. Daqui a pouco a gente, sem se dar conta de plurais e segredos, se encontra no corredor e decide o que faz do resto do dia."